A
musicoterapia, como ciência e arte de cura, tem por objetivo promover o
equilíbrio biopsicossocial, restaurando a saúde dos indivíduos ou prevenindo a
instalação de doenças.
A música,
como arte de cura, perde-se nos tempos imemoriais da história humana. As
tradições xamânicas de utilização do som com propósitos de cura remontam a
25.000 anos, aproximadamente, dentro de um sistema organizado e que foi
utilizado no mundo todo, desde a Sibéria até a África e a América do Sul.
Na antiga
Grécia, a música era estruturada em um sofisticado sistema, com bases
científicas, fundamentada na física e na matemática. A filosofia médica de Hipócrates acreditava
na medicina psicossomática e considerava as doenças como uma desarmonia do
homem face à sua própria natureza. Assim, para o restabelecimento do equilíbrio
perdido, a música, por ser ordem e harmonia, desempenhava tanto a função de
provocar a depuração catártica das emoções, quanto a de enriquecer a mente e
dominar as emoções através de melodias que levam ao êxtase.
Findo o
período da Antiguidade Clássica (cultura greco-romana), pela invasão dos
bárbaros na Europa, o conhecimento permaneceu resguardado nos mosteiros e
conventos da Igreja Católica Romana, que detendo o poder econômico e o poder de
Estado, ditou as normas de conduta do povo e só permitiu o uso da música dentro
das suas Igrejas e sob seu controle.
A utilização
da música como processo de cura foi retomado no início da Idade Moderna quando
os turcos tomaram Constantinopla e dissolveram o último reduto de domínio da
Igreja Romana e as pesquisas se aceleraram no mundo todo até o alvorecer do
séc.XX,quando Freud inaugurou a era da Psicanálise e da predominância da
palavra. O mundo científico e leigo assombrou-se com as descobertas de Freud,
seu vocabulário passou ao senso comum e tudo que estava fora do contexto
freudiano foi considerado como terapia alternativa.
Contudo, na
segunda metade do século XX, as graves conseqüências físicas, emocionais e
psíquicas causadas aos egressos da
segunda Guerra Mundial impulsionaram as pesquisas sobre os efeitos da música no
processo de cura. Nasceu, então, todo um plano científico de trabalho e a
Musicoterapia emergiu como um novo ramo científico interdisciplinar e
transdisciplinar, envolvendo inúmeras áreas do conhecimento humano,
principalmente a neurologia, neurociência, física, neurobiologia, cardiologia e
outras.
Hoje, os musico
terapeutas são profissionais formados pelas Faculdades de Musicoterapia ou
especialistas preparados através dos cursos de pós-graduação e sua formação é
ampla. Formação Acadêmica do Musicoterapeuta
A formação
do musicoterapeuta é complexa, porque ele transita permanentemente entre a arte
e a ciência. Estando na ciência, ele cria um espaço que vai além da visão
científica fazendo um engate com a arte para criar novas sensações. Estando na
arte, apóia-se na ciência para explicar o quê, como e porque essas sensações
foram criadas.
Faculdades
de Musicoterapia
Bacharelado:
5anos
Estágio
supervisionado na área escolhida
Grade
curricular no Brasil, abrange 7 áreas, aproximadamente:
1. Área médica – Anatomia, Fisiologia,
Neurologia, Neurociência, neuromusicologia, Tecnologia médica, Psiquiatria.
2. Área musical – Teoria musical, Música
popular, Prática instrumental, Harmonia, Técnica Vocal, Percepção, Percussão,
Prática de conjunto, Métodos de Educação Musical
3. Área de sensibilização – Expressão
corporal, dinâmica de grupo, Atividades criativas.
4. Área de Psicologia – Teoria e
técnicas psicoterápicas, Psicologia do desenvolvimento, da percepção e da
personalidade, Psicopatologia.
5. Áreas afins – Filosofia, Sociologia,
Antropologia
6. Áreas de vizinhança
(transdisciplinariedade) – Fonoaudiologia, Fisioterapia, Psicomotricidade.
7. Área de Musicoterapia – História da
Musicoterapia, Teorias e Técnicas musicoterápicas, Musicoterapia aplicada,
Patologias psiquiátricas, Distúrbios motores, Deficiências sensoriais, Idosos,
Reabilitação, Distúrbios de aprendizagem etc. Instituições, Hospitais,
Clínicas, Escolas, Empresas, Sociedades assistenciais, Música em Musicoterapia;
vivências musicoterápicas para o musicoterapeuta desenvolver seus potenciais
musicoterápicos. Pesquisa em Musicoterapia.
ÁREAS DE ATUAÇÃO
Didática :
Musicoterapia do Desenvolvimento
Musico-Psicoterapia Instrucional
Musicoterapia na Educação Especial
Musicoterapia para a adaptação
escolar
Médica:
Neste campo
específico a Musicoterapia se ramifica nas diversas especialidades médicas que
necessitam um trabalho terapêutico para apoio e reabilitação do paciente ou
grupos de pacientes. Então temos: Musicoterapia geriátrica, obstétrica etc. Os
settings típicos são hospitais, clínicas, centros de reabilitação, hospícios e
asilos para idosos.
Cura:
Musicoterapia
na Cura. É a utilização de frequências vibratórias ou de sons combinados com a
música ou qualquer de seus elementos para induzir a cura.
Psicoterapia:
inclui todas
as aplicações da música ou seus elementos em separado (som,melodia, harmonia,
ritmo) para ajudar os clientes a encontrarem significação e satisfação em suas
vidas. Pode ser aplicada individualmente e em grupos.
Recreação:
Terapia
Lúdico-Musical
Ecológica:
Musicoterapia Familiar
Musicoterapia Organizacional
Musicoterapia Comunitária
COMPREENDENDO
A MUSICOTERAPIA
O
desenvolvimento científico-tecnológico da segunda metade do século XX permitiu à
Musicoterapia elevar-se à categoria de ciência de primeira linha. As
descobertas da neurociência, da neurologia, da psicologia, da fisiologia, da
psicofísica, da física do som, da ciência musical e do aperfeiçoamento da
tecnologia de ressonância comprovaram materialmente o que os sábios já sabiam
há milênios: a abertura dos canais de cura através da música.
A
Musicoterapia é uma ciência que exige profundo conhecimento de cada área a ser
atendida, pois ela detecta, avalia, diagnostica e promove o melhoramento e
alterações no contexto em que estiver inserida, ao longo do tempo. Realmente
ela exige tempo, porque ela se caracteriza por uma seqüência de experiências,
uma progressão por etapas de engajamentos musicais que levam a um estado
desejado. “Portanto, ter uma experiência musical terapêutica ou com poder
transformador não é a mesma coisa que entrar em um processo de musicoterapia,
independente de quaisquer semelhanças ou diferenças de profundidade,
significação ou duração dos resultados.” (Bruscia)
Então, uma experiência musical terapêutica
pode representar apenas uma mudança de consciência, enquanto que um processo de
musicoterapia representaria o estudo de todas as variáveis apresentadas pelo ou
pelos indivíduos e à aplicação de técnicas apropriadas para cada variante
apresentada.
A
musicoterapia define-se pelo seu próprio nome: aplicação da música: som, ritmo,
melodia e harmonia, juntos ou separados com finalidades terapêuticas.
Para
compreender essa ciência é preciso saber como age a música no organismo.
Os sons,
quando chegam aos ouvidos, são convertidos em impulsos que percorrem os nervos
auditivos até o tálamo, região do cérebro que é considerada a estação central
das emoções, das sensações e dos sentimentos. Os impulsos provocados pela
música no cérebro repercutem em todo o corpo e podem ser detectados pelas novas
técnicas de escaneamento cerebral ou neuroimagem.
O ritmo
musical influencia os padrões de sono e vigília, a respiração, os batimentos
cardíacos, a circulação sanguínea e as secreções do sistema glandular. Ao
analisar essas alterações fisiológicas, os especialistas conseguem desenvolver
técnicas específicas para doenças físicas e mentais como também para gerar
bem-estar.
Vou incluir
ainda a Musicoterapia Xamânica