terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

MUSICOTERAPIA CIÊNCIA E ARTE






   A musicoterapia, como ciência e arte de cura, tem por objetivo promover o equilíbrio biopsicossocial, restaurando a saúde dos indivíduos ou prevenindo a instalação de doenças.
   A música, como arte de cura, perde-se nos tempos imemoriais da história humana. As tradições xamânicas de utilização do som com propósitos de cura remontam a 25.000 anos, aproximadamente, dentro de um sistema organizado e que foi utilizado no mundo todo, desde a Sibéria até a África e a América do Sul.
   Na antiga Grécia, a música era estruturada em um sofisticado sistema, com bases científicas, fundamentada na física e na matemática.  A filosofia médica de Hipócrates acreditava na medicina psicossomática e considerava as doenças como uma desarmonia do homem  face à sua própria natureza. Assim,  para o restabelecimento do equilíbrio perdido, a música, por ser ordem e harmonia, desempenhava tanto a função de provocar a depuração catártica das emoções, quanto a de enriquecer a mente e dominar as emoções através de melodias que levam ao êxtase.
  Findo o período da Antiguidade Clássica (cultura greco-romana), pela invasão dos bárbaros na Europa, o conhecimento permaneceu resguardado nos mosteiros e conventos da Igreja Católica Romana, que detendo o poder econômico e o poder de Estado, ditou as normas de conduta do povo e só permitiu o uso da música dentro das suas Igrejas e sob seu controle.
  A utilização da música como processo de cura foi retomado no início da Idade Moderna quando os turcos tomaram Constantinopla e dissolveram o último reduto de domínio da Igreja Romana e as pesquisas se aceleraram no mundo todo até o alvorecer do séc.XX,quando Freud inaugurou a era da Psicanálise e da predominância da palavra. O mundo científico e leigo assombrou-se com as descobertas de Freud, seu vocabulário passou ao senso comum e tudo que estava fora do contexto freudiano foi considerado como terapia alternativa.
  Contudo, na segunda metade do século XX, as graves conseqüências físicas, emocionais e psíquicas causadas aos egressos  da segunda Guerra Mundial impulsionaram as pesquisas sobre os efeitos da música no processo de cura. Nasceu, então, todo um plano científico de trabalho e a Musicoterapia emergiu como um novo ramo científico interdisciplinar e transdisciplinar, envolvendo inúmeras áreas do conhecimento humano, principalmente a neurologia, neurociência, física, neurobiologia, cardiologia e outras.
  Hoje, os musico terapeutas são profissionais formados pelas Faculdades de Musicoterapia ou especialistas preparados através dos cursos de pós-graduação e sua formação é ampla. Formação Acadêmica do Musicoterapeuta
  A formação do musicoterapeuta é complexa, porque ele transita permanentemente entre a arte e a ciência. Estando na ciência, ele cria um espaço que vai além da visão científica fazendo um engate com a arte para criar novas sensações. Estando na arte, apóia-se na ciência para explicar o quê, como e porque essas sensações foram criadas.
Faculdades de Musicoterapia
Bacharelado: 5anos
Estágio supervisionado na área escolhida
Grade curricular no Brasil, abrange 7 áreas, aproximadamente:

1.           Área médica – Anatomia, Fisiologia, Neurologia, Neurociência, neuromusicologia, Tecnologia médica, Psiquiatria.
2.           Área musical – Teoria musical, Música popular, Prática instrumental, Harmonia, Técnica Vocal, Percepção, Percussão, Prática de conjunto, Métodos de Educação Musical
3.           Área de sensibilização – Expressão corporal, dinâmica de grupo, Atividades criativas.
4.           Área de Psicologia – Teoria e técnicas psicoterápicas, Psicologia do desenvolvimento, da percepção e da personalidade, Psicopatologia.
5.           Áreas afins – Filosofia, Sociologia, Antropologia
6.           Áreas de vizinhança (transdisciplinariedade) – Fonoaudiologia, Fisioterapia, Psicomotricidade.
7.           Área de Musicoterapia – História da Musicoterapia, Teorias e Técnicas musicoterápicas, Musicoterapia aplicada, Patologias psiquiátricas, Distúrbios motores, Deficiências sensoriais, Idosos, Reabilitação, Distúrbios de aprendizagem etc. Instituições, Hospitais, Clínicas, Escolas, Empresas, Sociedades assistenciais, Música em Musicoterapia; vivências musicoterápicas para o musicoterapeuta desenvolver seus potenciais musicoterápicos. Pesquisa em Musicoterapia.

ÁREAS DE ATUAÇÃO

Didática :

            Musicoterapia do Desenvolvimento
            Musico-Psicoterapia Instrucional
            Musicoterapia na Educação Especial
            Musicoterapia para a adaptação escolar

Médica: 

Neste campo específico a Musicoterapia se ramifica nas diversas especialidades médicas que necessitam um trabalho terapêutico para apoio e reabilitação do paciente ou grupos de pacientes. Então temos: Musicoterapia geriátrica, obstétrica etc. Os settings típicos são hospitais, clínicas, centros de reabilitação, hospícios e asilos para idosos.

Cura:

Musicoterapia na Cura. É a utilização de frequências vibratórias ou de sons combinados com a música ou qualquer de seus elementos para induzir a cura.
Psicoterapia:
inclui todas as aplicações da música ou seus elementos em separado (som,melodia, harmonia, ritmo) para ajudar os clientes a encontrarem significação e satisfação em suas vidas. Pode ser aplicada individualmente e em grupos.

Recreação:

Terapia Lúdico-Musical
Ecológica:

            Musicoterapia Familiar
            Musicoterapia Organizacional
            Musicoterapia Comunitária

COMPREENDENDO A MUSICOTERAPIA

  O desenvolvimento científico-tecnológico da segunda metade do século XX permitiu à Musicoterapia elevar-se à categoria de ciência de primeira linha. As descobertas da neurociência, da neurologia, da psicologia, da fisiologia, da psicofísica, da física do som, da ciência musical e do aperfeiçoamento da tecnologia de ressonância comprovaram materialmente o que os sábios já sabiam há milênios: a abertura dos canais de cura através da música.
  A Musicoterapia é uma ciência que exige profundo conhecimento de cada área a ser atendida, pois ela detecta, avalia, diagnostica e promove o melhoramento e alterações no contexto em que estiver inserida, ao longo do tempo. Realmente ela exige tempo, porque ela se caracteriza por uma seqüência de experiências, uma progressão por etapas de engajamentos musicais que levam a um estado desejado. “Portanto, ter uma experiência musical terapêutica ou com poder transformador não é a mesma coisa que entrar em um processo de musicoterapia, independente de quaisquer semelhanças ou diferenças de profundidade, significação ou duração dos resultados.” (Bruscia)
  Então, uma experiência musical terapêutica pode representar apenas uma mudança de consciência, enquanto que um processo de musicoterapia representaria o estudo de todas as variáveis apresentadas pelo ou pelos indivíduos e à aplicação de técnicas apropriadas para cada variante apresentada.
  A musicoterapia define-se pelo seu próprio nome: aplicação da música: som, ritmo, melodia e harmonia, juntos ou separados com finalidades terapêuticas.
  Para compreender essa ciência é preciso saber como age a música no organismo.
  Os sons, quando chegam aos ouvidos, são convertidos em impulsos que percorrem os nervos auditivos até o tálamo, região do cérebro que é considerada a estação central das emoções, das sensações e dos sentimentos. Os impulsos provocados pela música no cérebro repercutem em todo o corpo e podem ser detectados pelas novas técnicas de escaneamento cerebral ou neuroimagem. 
  O ritmo musical influencia os padrões de sono e vigília, a respiração, os batimentos cardíacos, a circulação sanguínea e as secreções do sistema glandular. Ao analisar essas alterações fisiológicas, os especialistas conseguem desenvolver técnicas específicas para doenças físicas e mentais como também para gerar bem-estar.
  Vou incluir ainda a Musicoterapia Xamânica

Um comentário: